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Fumo não tem verbo
não se conjuga
não se aspira
inspira, puro ar
fumo branco
Francisco
fumo não tem verbo
não tem futuro
condicional
fumo social
bolinha de fumo
faz mal, não faz mal
incenso, incensos, sensação
do zen, do bem, fumo na boca tem
sheesha na esplanada das mesquitas
na noite do Egipto sem revolução
na areia do Dubai, meu coração
chá de fumo, maçã
menta, hortelã
erva boa, meu pai.
As canções não se explicam, ou, não se devem explicar, para deixar a cada ouvinte a liberdade de interpretação. No entanto, Fumo, procura abordar, à minha maneira, o tema da poluição, que a meu ver não pode ter futuro, passa ainda pelo prazer do vício, aquele socialmente aceite, ao qual eu nunca aderi, nem mesmo para parecer um homenzinho, na fase em que essas preocupações nos afetam (dolescência). Passam também algumas memórias de viagens, referencia ao fumo branco que trouxe aos católicos este novo papa, que parece ter vindo para fazer história. Finalmente uma homenagem a meu pai, grande fumador durante quase toda a vida, mas que, de um momento para o outro, deixou o tabaco, sem tratamentos, apenas com a força de vontade e a comer uns rebuçados de vez em quando. Ainda hoje não entendo aquela força.
Erva-abelha, almiscareira, andorinha
castelhana, erva-babosa
erva-benta, Santa-Bárbara, formigueira
novidade, erva-divina
erva-santa, Santa-Maria, São-Roberto
da- trindade, erva-aranha
fotossintesse, fotossincera
fotografia sentida
fotoluminoso dia que espera
atrás da nuvem perdida
o mundo verde o chão segura
teus olhos verdes mulher madura
chão de chás e chamamentos
chama de amor e vida pura
erva-doce, prata, pombinha, do-orvalho
dos-feitiços, erva-cidreira
erva-turca, canária, fina, loira, moira
borboleta, erva-galega
erva-santa, Santa-Maria, São-Roberto
da-trindade, erva aranha.
Ervas, foi um desafio. Aconteceu-me ter reparado em algum livro, ou mesmo na net, na enorme quantidade de ervas que a natureza nos dá, algumas com denominações muito engraçadas, algumas que nem imaginava que existiam. O desafio foi conceber um texto quase só com os nomes das ervas e, bem mais arriscado, construir música para tal texto. O resultado agradou-me e aqui está o resultado.
Cuchi
Calai
Dirico
Mavinga
Cuíto
Rivungo
Cuanavale
Menongue capital
o nome dos rios
Kuando Kubango
ilha flôr
a queda de água
Maculungongo
o que for
o que for N'ganguela
N'yemba
Kuagar
Mucusso
a guerra acabou
na terra do progresso
como ficou
a cabeça do americano
também a cabeça do russo
do cubano
do povo angolano
o campo político
do Misongo
é história
e da guerra fria
Kuando Kubango
é memória.
A ideia de fazer esta canção surgiu ao visionar um programa de televisão, não recordo em que canal, em que se falava desta província de Angola, numa prespetiva de futuro. Depois de algumas pesquisas na net, percebi melhor da importância estratégica desta região no contexto da guerra civil angolana.
Água que corre
que cai, que seca
água que pinga
chora, rebenta
água que molha
rega, despenha
passeia na nuvem
debaixo do chão
uma poça de água
represa, ladrão
água que limpa
mata a sede
água salgada
peixe na rede
água que nasce
morre, vai pró céu
passeia na nuvem
debaixo do chão
uma poça de água
represa, ladrão
água na fonte
lago, aqueduto
água é livre
sonho enxuto
água num fio
enchente, rio
mar, oceano
gelo polar
água no copo
para brindar.
Em relação à canção Água, quero apenas esclarecer que o termo LADRÃO, que surge no final de alguns versos, refere-se a um determinado ponto de uma albufeira, que, atingindo a sua capacidade máxima, o excesso de água começa a escoar por um canal a que se chama ladrão.
Segues pela estrada
desastrada
hégira tua
que a montanha não vai a Maomé
sabes como é
gregos são helenos
helenas são dores
amores amadores
uma nova Tróia
uma jóia dialipétala
inteiramente livre e sem fala
segues pela estrada
desastrada
uma bacante
a diáspora da sacerdotiza
Baco em Ibiza
helianto ao sol
coração curaçau
nem tudo que bate é pau
em maio o desmaio
czarina das czardas do czar
tudo tarda quando tu me tardas.
Rosto de literatura e solidão
beleza religiosa
Antígona, Maria, Rosa
deusa louca
meu naufrágio em tua boca
o teu rosto se oferece como um fruto
tormenta, esperança, presságio
de tanto olhar o céu
teus olhos são azuis
rosto do século dezasseis
a armação da saia
pedestal para o teu busto
sorriso digno de reis
o teu rosto descrito por Balzac
Picasso em terceira dimensão
todos os rios desceram à terra
pelos teus cabelos
rosto manuelino de Manuela
é uma descoberta
caravela, cara de vê-la
a ela
meu adágio por teu beijo
rosto de arte urbana na avenida
lágrima que cai pela parede
de tanto pedir ao céu
tu já és uma estrela.
Mais excitante que a pele
roupa fina e translúcida
a marca do sol se revele
na tua curva desinibida
arte do mundo flutuante
a seda tece seios sedosos
na literatura da amante
a casa dos budas ditosos
erótica optimizada
erótica optimum
alma sintonizada
no dois em um
kama sutra, papiro de Turim
filosofia na alcova
velho marquês de Sade, sim
na pintura, uma luz nova
outras fotos de almofada
Anais Nin, anos quarenta
mil desejos de madrugada
prazer que não se aguenta.
Qual imperatriz entregue à luxúria
a transforma em lei
qual Semiramis
qual grande raínha tolera o homem
a título de escravo
qual Pentesiléia
e se as pérolas fossem tão somente
lágrimas congeladas de Freya
deusa da Síria
Síria, qual a Síria
cidade, mulher, deserto da palavra
a canção sacrifica
no dicionário diz que significa
animação, vivacidade e robustez
sou apenas um que chora, bem vês
bem vês.*
*frase de A divina comédia, Dante Alighieri
Calafrio, frio, rio, e o ouro
no gin, no pólo
no fim, meu solo
margarita, Rita
no colo
colorado desamericano
samaritano gelado
gel no bailado
tango desumano
arrepio pioneiro, latina gelatina
breve menina
de neve fina
sibérica que quero
no zero
champanhe nos Alpes, nos Pirinéus
nua no monte Fuji
antes ártica que sem ti
antártica anti-céus
congelado lado, adoro e óro
vinho no frapê
não vens porquê
raptei o réptil
em você
oceano glacial, Alasca, altiva
tua temperatura
tempera a criatura
negativa
esqui, arte, esquimó
moda, bourbon
brinde no trenó
calafrio, frio
é bom
o sol de Oslo
não derrete a norueguesa
tremo e temo que irei ter
uma surpresa
gélido, lido bem com gelo
cama no iglo
e gloriosa prosa
que no fim dá rosa.
Antes de Cristo eram feitos no Egipto
os povos da Polinésia, Filipinas, Indonésia
e os Maori da Nova Zelândia
tatuavam-se em rituais religiosos
na idade média a igreja católica
considerou o tattoo vandalismo no próprio corpo
o corpo é o templo do Espírito Santo
o pai da palavra é James Cook
carpa
infinito
Marilyn Monroe nas costas
Cristo negro
tigre bebé
caligrafia japonesa
tribal
borboletas
coração, escorpião
cena Bíblica
andorinha
arame farpado
carpa cúprica
no teu corpo de bronze
infinito como o meu desejo
agulha, aguça, o aço
fere, a ferida, a vida rói, dói
a arte estanca a dor
ergue um monumento ao amor
Cristo negro
mais negro que nunca
simbolismo sem cor e sem raça
dermopigmentação
a tinta, pinta, o sangue, sai, vai
a arte crava os dentes
nós já somos seres surpreendentes
no século dezanove em Inglaterra
a tatuagem era usada
como forma de assinalar crimonosos
no Holocausto os judeus eram tatuados
para identificação
na segunda guerra mundial
soldados e marinheiros
gravavam o nome da pessoa amada
na sua pele
no islamismo, os Sunitas proíbem
os Xiitas aceitam
no hinduísmo se encoraja
para aumentar a beleza
e o bem estar espiritual
obra de arte viva, temporal como a vida.
Fonte de Trevi
cobra tower
vishnavitas
oásis de Al Ain
sang hyang widhi wasa
kopi luwak
alexandrita sim
dramyin cham
ema datschi
opala
topázio, turmalina
água-marinha
general sherman
madagascar
as árvores (loucas) do Yemen
a lua clandestina em meu olhar
que Roma não se afoga no desejo
nem rodas de oração sem rodar
nem andar para trás o caranguejo
a lua clandestina em meu olhar
que Roma não se afoga no desejo
que raíz parece não precisar de chão
algaroba do Bahrein e a solidão
dança das águas
deserto laranja
rio das pérolas
Rio de Janeiro
arco-íris eucalipto
Filipinas
tigre manso de Chiang Mai
mahayana theravada
Taj Mahal
Abissínia, Pérsia, Abu Dhabi
burj khalifa
Ho Chi Minh
árvores de Ta Phrom no Cambodja
a lua clandestina em meu olhar
que Roma não se afoga no desejo
oliveiras de Noé, cedros de Deus no Líbano
árvores da lua e chankiri tree
a lua clandestina em meu olhar
que Roma não se afoga no desejo
ksar de ait bin hadu, azul tuareg
égig ero fa, árvore lenda que alcança o céu
old tjikko
praça vermelha
floresta vermelha na Ucrânia
jaya sri maha bodhi
figueira
anuradhapura no Sri Lanka
grande muralha
ágata musgo
jaspe oceânico
a pedra contém a alma dos deuses
igrejas de Kizhi
Russia
uma vela acesa por cada estrela
a lua clandestina em meu olhar
que Roma não se afoga no desejo
pietá, compaixão, rapto de sabina
esfinge, tanah lot, capela sistina
a lua clandestina em meu olhar
que Roma não se afoga no desejo
que milagre faz correr o rio Nilo
wat arun, templo do amanhecer.
Deu azo
deu azar
deu brado
deu certo
não deu
deu bronca
deu fruto
perdeu, perdeu
não perdeu
deu luta
deu bola
deu tudo
Deucalião
deusa
deusa humana
mudou o mundo todo no coração
o tempo inútil todo na véspera cedeu
deu força
deu sorte
deu furo
Deuteronómio
deuterologia
ardeu, ardeu
não ardeu
deuteropirâmide
deuterose
judeu
deu troco, deu troca deu trocadilho
deu estrilho, deu estribilho
deu brilho
deu.
Que harmonia é essa
entre o meu querer
e o do sol e o do sonho
metáfora da vida e do mundo
nihon teien, jardim zen
gueixa, deixa que seja
irashai, irashai, bem vindo
perfume de magnólia
cipreste, azaléia, tuia
a cerimónia do chá
lanterna de pedra
taiko bashi
sakura, flor da felicidade
hanami, hanami
nandinas
trilha sinuosa contra os maus espíritos
os bons buscam nas curvas o seu rumo
pedra mãe, pedra pai
nishiki-koi, bonsai
sino de vento, simbologia
religião, filosofia
viver é leve, mais levemente leve é ver ver
o breve
viver é breve, toda a eternidade agora é breve
é bom assim para um homem
plantar uma pedra
dar-lhe um nome
dar-lhe um ser
faz tão bem ao espírito
ouvir essa pedra crescer
nihon teien... ... ...
na casa de um samurai
não se plantam camélias
suas flores caem inteiras
parece que significam cabeça decepada
morte indigna para um guerreiro
paisagem de Soami
os bambus em reverência
plantas, rochas, água, luz
teatro nô
nihon teien... ... ...
Azul-turquesa
azul-cobalto
acetinadas e metálicas
morpho adonis, aurora, helenor
morpho godarti, didius, helena
a decomposição do espectro luminoso
faz de ti uma obra prima
surpreendente
são do mundo as mais lindas
adoradas pelos Astecas e Incas
religiosamente
espírito livre tatuado no corpo
simbolos físicos da alma humana
graciosa como a mulher do Japão
e nos campos de concentração
os barracões para as crianças
eram cobertos com desenhos de borboletas
azul, a cor fria
ainda mais fria
que o verde e o violeta
o sangue frio da borboleta
maculinea alcon cypris
pela luz atração
como belas raparigas
mirmecófila thamyris
sai da genciana para o chão
é levada pelas formigas
s'eu for contigo a Lamas de Olo
campo de borboletas no Alvão
lycaenidae no meu colo
nos meus olhos, teu coração.
Alegoria
minha alegria sintética
ataraxia
o meu sonho sem estética
xenofobia
essa onda sem mar
a simonia
tem um deus para perdoar
dos fracos não reza a história
tem que rever essa noção
ficar nos livros é a glória
Hitler, Estaline, Inquisição
e outros mais
golpes fatais
os pobres nos tribunais
a carne para canhão
economia
sem livro para aprender
democracia
um jogo só de perder
ecologia
minha pégada bem fundo
patologia
que faz sofrer este mundo
é o homem que explora o homem
e por vezes é o contrário
assim falou o cineasta
vamos dizer ao homem: Basta
de corrupção
tanto ladrão
os paraísos fiscais
os mais pobres sem pão.
A carne é pecado
há um veneno oculto em cada músculo
a brancura aparenta a fadiga de uma flor
corre pela vida como uma pedra atirada
sinal de grande pobreza precisar de muito
em língua tribal de Samoa
lau significa meu e teu
papalagui
homem branco
quebrador do céu
papalagui
estrangeiro
o meu céu é mais azul que o teu.
Quero fazer um desatino
celebrar este amor
cantar sem destino
rufar o tambor
quero esbanjar alegria
no meu video-clip
despir-me com poesia
fazer strip, stripelogia
gosto de cinema de autor
teatro de pesquisa
gosto de biografias
gosto de antologias de poetas mortos
gosto do clube dos poetas mortos
não gosto de headphones
não gosto de mirones
não gosto de falsa democracia
não gosto de terror no filme
não gosto de terrorismo
não gosto de teoria nem burocracia
quando tu me olhas
meu coração é assim
vida a rasmalhar em mim
como o vento nas folhas
e não é com palavras
que lavras o chão
parece que arde
porque já é tarde
no teu coração
A democracia americana
censurou o livro...
(não passou no crivo
da hipocrisia)
... o livro de um prisioneiro
de Guantánamo
nacionalidade mauritana
Mohamedou Slahi
preso sem julgamento
por alegada intervenção
nos atentados de onze de Setembro
o mundo mudou desde então
frase feita
o mundo mudou desde então
rarefeita
o mundo mudou desde então
frase viral
o mundo mudou desde então
consensual
mas quem refletir chega à conclusão
triste, inexplicável e muito banal
perderam-se vidas, má-sorte, agonia
e perdeu-se a democracia
fala, fala, fala, fala, fala, fala
grita
retwitta
canta, canta, canta, canta, canta, canta,
brilha
e partilha
o Diário de Guantánamo
livro amordaçado
acorrentado
como aquele que o escreveu
livro que dói quando o vento passa
que chora quando o mar repousa
livro que me doeu.
Qualia significa relação entre os homens e Deus:
É uma relação criativa, transpõe o fosso entre o criado e o não criado
Mundo transcendente - a consciência fundida com Deus
Mundo subtil - a inspiração como parte normal da existência
Mundo material - interpreta o mundo como reflexo do que você é
Qualia
mundo meu
na minha cabeça antiga, o som
na minha pele grega, o tom
e eu sem mundo
e ateu
qualia
latina
quem coleciona rosas, odor
mais pétalas vai perder, amor
um astro lívido
sem sina
qualia
meu ano luz interior
meu toque no universo
raiz
qualia
minha sombra no futuro
retoque na emoção
feliz
qualia
achei Deus
perdido na gota de água, pensei
e se ele se evapora, rezei
o que nasceu em mim
fui eu
qualia
que sonhei
totalidade cósmica do ser
dentro de mim a planta a nascer
se eu der flor
vinguei