Passarinhos de água é um projeto que, a esta data, 21 de Abril de 2017, estou a começar a desenvolver no sentido de, quando se tornar viável, trabalhar com os alunos na escola. O projeto passa pela construção dos instrumentos em casa com as famílias, mas também na sala de aula, onde os alunos se irão encarregar da parte da decoração, uma vez que a construção do instrumento requer o uso de serras e x-ato etc, ficando, por isso, a cargo do professor. Os instrumentos, os construídos em casa e na aula, serão depois utilizados para acompanhar canções sobre o tema, que, a seu tempo, irão surgir nesta página, assim como irá ser feita uma exposição de todos os instrumentos, que todos os alunos e as famílias poderão visitar na escola.
O SOM DOS PASSARINHOS DE ÁGUA
Na verdade, a ideia para este projeto nasceu com a compra de um passarinho de água feito de cana na feira internacional de artesanato de Lisboa, FIL.
Depois da compra deste pequeno instrumento, pensei que deveria tentar construir um. Assim fiz, e, como o resultado foi bastante satisfatório, fui construindo cada vez mais, procurando fazer com que fossem mais bonitos, por isso são pintados com tintas acrílicas e até envernizados.
Passarinho d'água de brincar
gosta de poisar na minha boca
como colibri gosta de água com açúcar
passarinho d'água a borbulhar
beijo doce de música louca
que grandes cantores te atreves a desafiar
um pintassilgo será
um rouxinol porque não
uma andorinha virá
para este beiral do meu coração
passarinho d'água a trinar
canta divertido na minha mão
como se eu fosse um ramo ao vento a baloiçar
passarinho d'água a chilrear
até quando o sol se perde no chão
divides a felicidade por quem te ouve cantar
O melro assobia
logo ao romper do dia
é uma sinfonia
guardo no sonho para recordar
são cantos de viagem
o som como miragem
será uma mensagem
alegria é coisa que se deve dar
melro negro
bico amarelo
neste canto belo
meu coração entrego
no ramo mais alto
vigiando o assalto
de meus olhos, não falto,
e, tal como o sol, eu me deslumbro
o melro é um tenor
canta com muito fervor
melodias de amor
onde dançam as folhas de Outubro
Que ave do paraíso
me paraisou no paraissom
inventar palavras é preciso
para descrever este belibom
e lá nas selvas da Ásia
beleza sonhada me extasiou
a selva me salva na fantasia
a ave do paraíso cantou
um som que chama com amor a terra
para uma dança de pétalas de flores
de ervas rasteiras no alto da serra
de insectos curiosos pela magia das cores
canto de ave haverá
uma pteridophora alberti
que reinventa a primavera
que redescobre o sonho em ti
com penas iridiscentes
na Indonésia Cenderawasih
ilhas Molucas tão diferentes
uma parotia sefilata eu vi
a bandeira da Papua-Nova Guiné
com desenho de ave do paraíso
Oceania onde ponho o meu pé
cicinnurus regius no seu improviso
Astrapia stephaniae
a linda ptiloris paradiseus
o som ecoa e muito me atrai
e não tem hora para dizer adeus
O canto do diamante mandarim
parece um bonequinho de apertar
a sua canção cola-se a mim
e eu com ele quero socializar
alegre e divertido, na gaiola
quer ter distrações para brincar
baloiços, sinos, talvez uma bola
mas livre é como ele deve estar
mandarim, mandarim
da Austrália e Timor
é assim, é assim
estrildidae sedutor
mandarim, mandarim
a fêmea tem duas lágrimas
é assim, é assim
teu canto cheio de rimas
tem algum diamante mandarim
todo de branco, sem outro tom
parece uma pequena pomba sim
canto de sonho e de paz é bom
e não gosta de estar sozinho
se estiver precisa de espelho
assim parece ter um vizinho
com bico igual, assim tão vermelho
tem andorinhas no meu jardim
tem andorinhas dentro dos livros
tem andorinhas no castelo de Macbeth
de Shakespeare
delichon urbicum em latim
andorinhas da cidade, livres
anagrama do grego antigo disse
voar é vencer
chilreio melodioso
tem a cauda bifurcada
andorinha, auspicioso
do sol é a namorada
ninho em forma de taça
feito de palha e lama
enquanto voa ela caça
andorinha que se ama
" uma andorinha não traz a primavera "
Aristóteles em Ética a Nicómaco
andorinha-dáurica, hirundinidae
acrobata do ar
andorinha não fica à espera
que o sol se deixe levar, no saco
de nuvens negras de onde a chuva cai
muda de lugar
O pintassilgo fez o ninho no limoeiro
que eu consigo ver muito bem da minha janela
é um vai e vem, um vai e vem, o dia inteiro, o dia inteiro
nas asas ele tem uma barra amarela
carduelis, carduelis
dos cardos gosta das sementes
fringilidea como se diz
tem espécies diferentes
cruzado com o canário
resultou o pintagol
Macaronésia é o cenário
português e espanhol
o pintassilgo tem no reportório muitos cantos
e nunca ele se esquece que eu existo
gosta de grãos silvestres, sementes de cardos
por isso é símbolo cristão da Paixão de Cristo
carduelis, carduelis
dos cardos gosta das sementes
fringilidea como se diz
tem espécies diferentes
cruzado com o canário
resultou o pintagol
Macaronésia é o cenário
português e espanhol
o pintassilgo tem a face vermelha
bico cor de marfim e que bem canta
a música é onde a alma se espelha
a música é onde o sonho se encanta
Geralmente visto em fuga dos olivais
contra-asa amarela no macho, seria
ele a imitar o canto de outros animais
tordo músico que representa a concórdia
seu nome turdus philomelus
do mito de Filomela
princesa ateniense transformada em rouxinol
no grego assim se faz luz
" canção do amante " para ela
escrita nos raios de sol
referido na Odisseia de Homero
estampa em selos postais de vários países
a fêmea faz o seu ninho com muito esmero
o parceiro canta e ambos assim são felizes
seu nome turdus philomelus
do mito de Filomela
princesa ateniense transformada em rouxinol
no grego assim se faz luz
" canção do amante " para ela
escrita nos raios de sol
canto de alarme se torna mais curtinho
mais estridente com o aumento do perigo
intercala dissonâncias com muito jeitinho
tereret tereret, tua música fica comigo
Com o seu ar pardacento
acastanhado e cinzento
quase não se distingue no meio dos pardais
a ferreirinha-alpina
prunella collaris assina
prunellidae gosta de andar nos matagais
ave discreta
dócil e confiante
quase sempre no chão
por entre a vegetação
canta opereta
música deslumbrante
deixa-me aproximar
bem perto, sem se zangar
o ninho faz nos arbustos
a vida traz alguns sustos
ferreirinha comum, prunella modularis
em Marvão posso te encontrar
em Abril não queres ficar
eu fico à espera de voltar a ser feliz
Pousa no ramo com espinhos
o papa-amoras bem cedo
ensaia uns sons bonitinhos
não esquece o canto do medo
o papa-amoras já aprendeu
amoras pretas são de melhor sabor
amoras vermelhas, doçura não nasceu
papuxa o povo lhe chama com amor
da família sylviidae
nas silvas está seu sustento
sylvia communis que vai
cantando sempre atento
o papa-amoras já aprendeu
amoras pretas são de melhor sabor
amoras vermelhas, doçura não nasceu
papuxa o povo lhe chama com amor
gosta de matos sem árvores
não quer a sombra escura
se esconde melhor nas flores
alegria não é loucura