Agora sei
alegria pode ser de vento
carinho pode ser de mar
saudade pode ser de sol
agora sei
nuvens são de brincar
sonhos de sol e luar
não tem gotas de luz sobre a relva
tem o sorriso de Mirna a brilhar
o tempo não é areia que passa
o tempo é areia que não passa
pelos dedos da minha mão
pelos dedos da minha mão
agora sei
areia de Ponta Preta
areia de Pontão
mergulho de olho azul
mergulho de emoção
Cabo Verde no coração
ilha do Sal e do mar
a voz de Mirna a cantar.
A viagem a Cabo Verde constituiu um momento para desfrutar do clima agradável, fazer novas amizades, deliciar-me com a gastronomia local, conhecer paisagens surpreendentes e espantar-me com os fenómenos físicos que me deram a vivenciar.
O clima é quente, sim, mas tem sempre um vento que atenua o efeito do calor, e que para mim se revelou muito agradável. Talvez não tanto para quem deseja estar estendido tranquilamente na praia, pois aí, o vento dificulta um pouco. O hotel dispõe de uma equipa de jovens, homens e mulheres, que de manhã à noite, proporcionam atividades de lazer, na praia, na piscina, no palco, e, em todos os momentos disponíveis para conversar e conviver com os turistas, de tal modo que vai nascendo uma cumplicidade, mesmo amizade, que cria em nós o desejo irreprimível de querer voltar.
Mirna, título da canção acima, é uma dessas pessoas, da equipa do hotel, que nos acompanhou nas mais variadas atividades, e que merece aqui um destaque particular, em função da sua graça especial, empatia, mas também pelo facto de uma noite, no palco, durante o show que todas as noites nos era proporcionado, a Mirna cantou para nós, a solo, uma bonita canção, acompanhando-se à viola. Foi um momento que a mim me sensibilizou e que me inspirou para a canção Mirna.
A gastronomia local é variada e deliciosa. Curioso que o nome da cidade capital da ilha do Sal se chama Espargos. Tem também a bebida típica, o grogue, do qual também abusei um pouquinho. Não menos significativo, o hotel não parecia importar-se que os hóspedes levassem umas sandes na mala de mão para oferecer aos meninos, que sempre acorriam a solicitar comida ou dinheiro aos turistas, a troco de um búzio ou qualquer outra pequena coisa simbólica.
Da paisagem, destaca-se a aridez, mas que proporciona uma visita ao que parece ser uma paisagem lunar, assim descrita nos roteiros, de onde os turistas regressam cobertos de pó, mais aqueles que a fazem em carrinhas de caixa aberta como eu fiz. Não deixa de ser um momento inesquecível, onde também se vai observar o famoso olho azul, fenómeno proporcionado pela luz do sol que penetra num buraco da rocha, e ilumina a água que se encontra no fumdo. A visita às salinas, que dão o nome á ilha, é igualmente surpreendente. Desde logo a cor da água que oferece um tom rosado, tal a salinidade que contém. Inimaginável para mim, até então, acreditar que um palmo de fundura de água seria suficiente para me fazer boiar, mas ali é possível. Todas as pessoas se deliciaram com a experiência, tal como eu.
Outro fenómeno curioso que se pode observar na ilha do Sal é, na visita à paisagem lunar, cria-se o efeito de alucinação, pois parece que ao longe se vê água em abundância, quando na realidade o que existe é terra seca e pedra. São muitas as razões para visitar Cabo Verde, em particular a ilha do sal.