GANDHIJI
Gandhiji
a grande alma
sobre a política
política semente da discórdia
tua raíz na terra dura da paz
meninos pobres pedem esmola
no jardim do teu memorial
o Ganges corre do céu sem fim
o céu sem mim
sem mal.
A Índia não é para todos. Algumas sensibilidades podem não se adaptar aquilo que se vai encontrar, daí que, na agência de viagens me ter sido dito, em jeito de alerta, "olhe que muita gente que foi diz que não gostou". Estava portanto prevenido, mas não preparado. O filme "Quem quer ser milionário", uma história passada na Índia, que possuo em casa, que foi um enorme êxito nos oscar, que vi inúmeras vezes, não me preparou para o impacto que a Índia proporciona a quem a visita. O filme não me preparou para esse confronto porque, a realidade que nos descreve, me parecia ser de um tempo algo distante. Um erro primário, devo confessar, visto a história ter como fio condutor um programa de televisão atual em todo o mundo. Mas, a dureza da realidade social que se vê no filme, parecia-me impensável nos dias de hoje. A Índia é, no entanto, aquilo que se vê no filme e muito mais, para o melhor e o pior.
Depois que saímos do belo aeroporto de New Delhi, a realidade bate-nos na cara, entra pelos olhos dentro de uma forma difícil de explicar e de acreditar. O meu espanto e incredulidade era tanto que perguntei a colegas do grupo, então quando chegamos a New Delhi, isto devem ser arredores muito pobres, ainda algo distante da cidade. Mas alguém me informou, isto é New Delhi. O meu assombro não tinha fim, as casas, miseráveis, pareciam elevar-se do meio do entulho e do lixo, para qualquer lugar que se olhe, somos agredidos com pobreza, miséria, entulho, lixo, desgraça, infortúnio e tristeza. É muito triste ver tanta desumanidade. Foi sempre essa a paisagem até chegarmos ao maravilhoso hotel Hilton. Apesar deste primeiro impacto, nada auspicioso, outras surpresas mais agradáveis estavam para surgir.
CURIOSIDADES
O DHARMA é uma noção dupla; designa, simultâneamente, a ordem cósmica do universo e a nossa natureza profunda, aquilo que devemos ajudar a desabrochar. É, de certa maneira, o dever de cada um de nós. O pensamento indiano estabelece uma solidariedade entre os dois dharmas, se alguém não seguir o seu próprio dharma, o dharma cósmico perde o seu rumo. Somos todos responsáveis pelas estrelas.
A nossa primeira visita foi na velha Delhi, a uma das maiores mesquitas do mundo, aí, nesse local, o assalto de pedintes, pobres e gente deformada a implorar auxílio, dinheiro ou comer, começou a atingir-nos de forma muito marcante. é impossível ficar indiferente a tanta desgraça humana, mesmo sabendo que não se pode ajudar todos. A mesquita visitada é grande mas não é muito interessante, nalguns lugares cheira a urina e os pedintes têm acesso a um grande páteo e mesmo nesse local somos abordados. De seguida fomos fazer um percurso numa espécie de riquexó a pedais, cada um com lugar para duas pessoas, e foi realmente dos momentos mais extraordinários que me aconteceu até hoje. A visita passava pelas vielas mais estreitas de velha Delhi, apinhadas de gente a circular ou com pequenos lugares de venda de produtos hortículas, ou outros, improvisadamente no chão, outras bicicletas e motorizadas em sentido contrário, num aperto que parecia impensável circular sem atropelos, mas, em boa verdade, tudo decorreu muito bem e ninguém atropelou ninguém, o que me pareceu extraordinário.