Omã, cuja capital, Muscat, me pareceu um quadro, com a moldura das montanhas sempre presente por toda a cidade. Quem entra nos Emirados Árabes pelo Dubai tem livre acesso a Omâ sem custos de visas. De autocarro são seis a sete horas de viagem, com as formalidades na fronteira, mas vale a pena. Em Muscat tive a sorte de encontrar numa loja do souq ( mercado ) um instrumento musical que desejava muito, un rubab afegão. Assim que o autocarro chegou ao seu destino no centro de Muscat, tornou-se necessário cambiar dinheiro para a moeda local, por forma a poder deslocar-me de táxi ou outro meio de transporte, para o ponto da cidade que pretendia, o passeio maritimo, ou corniche, como se denomina por lá. Um senhor, nas suas vestes tradicionais, uma túnica branca até aos pés e um chapéuzinho peculiar, abordou-me, talvez pressentindo o que eu procurava, e ofereceu-se, insistentemente, para ajudar. Tentou que eu trocasse dinheiro com ele, coisa que eu recusei, apesar das insistências. Lá nos fomos entendendo em inglês mal falado, e, por fim, quando assimilou que eu estava com receio das suas boas maneiras e não aceitava o que me propunha, perguntou para onde eu pretendia ir, ao que eu respondi, e ele, então, tranquilizando-me, conduziu-me ao local onde paravam umas mini vans, que transportam nove pessoas, e, quando o veículo parou, falou com o condutor, certamente explicando para onde eu pretendia ir e que não tinha dinheiro local para pagar. Como não conheço árabe suficiente para entender o que falavam, fiquei de novo alarmado, pois a van estava cheia de pessoas, eu tive que ir na frente, já quase sem espaço, penso que a lotação estava ultrapassada, e, não tinha a certeza de tudo aquilo ir acabar bem. Mas acabou. A van transportou-me até ao corniche, e esperou que eu fosse à recepção de um hotel para cambiar dinheiro.
MULHER ÁRABE
Aquela mulher vestida de noite
perto do souq em muscat, Omã
lenço nos cabelos
que se adivinhavam belos
como a luz dessa manhã
junto ao mar perfeito
ouro no braço, olhos de mel
a lua cheia, pérola ideal
para o seu peito
anéis de saturno, minha ilusão
ficariam bem naquela mão
de marfim, que alvura
aquela mulher olhou para mim
seus olhos falavam do orgulho sem fim
na sua cultura
aquela mulher de véu vermelho
que me chamava para falar com ela
pintava um rendilhado
flores no pé delicado
de outra mulher bela
de chapéu direito
vestido chique, muito elegante
a mulher árabe, exuberante
nenhum defeito
naquela grande praça de Marrakech
som de ghaitas que encantam cobra
os cavalos, a caleche
ali acreditei na fantasia
que o mundo todo era apenas sobra
dessa alegria
aquela mulher na praia em Dubai
espreitava o sol com olhos de deusa
corpo belo, meu medo
corpo de segredo
misto de ninfa e musa
via o tempo chegar
toda de negro, o mar azul
ali sózinha, relógio de sol
parecia sonhar
mulher assim, moderna e sem moda
guardava as estrelas da noite toda
deus lhe pediu para guardar
ela, imóvel, sentada na areia
esperava que o mar
a transformasse em sereia
aquela mulher vestida de branco
mãe de pérola, toda cintilante
naquele dia azul
noiva árabe em Istambul
parecia um turbante
que tinha na cabeça
era tão linda, a tradição
minha alegria,meu coração
a bater depressa
nessa rua estreita para a mesquita
eu nunca vi noiva mais bonita
não esqueci, a sedução
aquela mulher disse que sim
com um sorriso que não tinha fim
tinha uma lição.
OMÃ, souq
OMÃ, Muscat, corniche, o canto do muezzin