A minha viagem a Hiroshima já era desejada a muito tempo. Na primeira visita ao Japão visitei Toquio, Kioto e Osaka, ainda pensei deslocar-me a Hiroshima mas o preço dos comboios de alta velocidade são demasiado altos e, por isso, deixei para outra oportunidade. Essa oportunidade surgiu quando decidi visitar Seul, encontrei um voo barato de Seul para Hiroshima, round trip, e fui cumprir o meu desejo.
Em Seul, na véspera do voo, colocava-se o problema de como ir para o aeroporto de Incheon de modo a chegar três horas antes do voo, ou seja, cerca das quatro horas da madrugada. Não tinha a certeza dos horários do bus nem do metro, decidi ir passar a noite no aeroporto para garantir que nada iria correr mal. Assim fiz. Meti-me no metro por volta das vinte e uma horas, um pouco mais, mas, fiz confusão com a linha e andei perdido na linha errada. Na Coreia não é fácil encontrar alguém que domine o inglês, as pessoas são muito simpáticas, querem ajudar mas não conseguem por causa dessa barreira intransponível da língua. Finalmente, alguém me fez perceber que estava na linha errada e a partir daí foi só tomar rumo. No aeroporto de Incheon, ainda em Seul, andei de um lado para o outro, fiz fotos,
coloquei as máquinas todas a carregar baterias. Havia muita gente por ali, deitada nos bancos a dormir, cada pessoa ocupava três bancos. Mesmo atrás de mim, um rapaz roncava como nunca tinha ouvido na minha vida, peguei nas máquinas e mudei de lugar. Também me deitei em três bancos, mais para descansar o corpo do que para dormir.
O voo dura cerca de uma hora e vinte minutos e correu bem, mas na aterragem o avião balançava para um lado e para o outro, algo exageradamente, pelo menos para o meu gosto, e, por isso, foi um pouco assustador, no entanto, penso sempre que é normal e procuro ficar tranquilo.
Na chegada a Hiroshima foi tudo fácil. Fui a uma Travel information, mesmo em frente de quem entra no hall de acesso ao exterior, pedi mapas e para me localizarem a central bus e a zona do meu hostel. Ali mesmo se compra o bilhete para o bus, round trip, e eu fiz isso.
A viagem do aeroporto para a bus central demora cerca de quarenta e cinco minutos, tem corridas de meia em meia hora. Em redor de Hiroshima é montanhoso, a paisagem é bonita. Depois de sair em bus central station andei um pouco perdido sem saber que rua era aquela onde estava, por isso não conseguia definir o meu trajeto para o hostel. Noutra travel information situada numa passagem subterrânea num cruzamento de avenidas, a funcionária indicou-me a rua certa. Até à zona do hostel foi fácil, mas faltava encontrar o Santiago Guesthouse, que, devo dizer desde já, para hostel é muito bom. Não estava a ser fácil identificar as ruas e perguntei a um casal jovem que, de imediato, foi pesquisar nos telemóveis. Um senhor mais velho que passava e até falava um pouco de inglês, (aqui no Japão também é difícil encontrar quem fale inglês), viu-me com o mapa na mão e o casal jovem a pesquisar nos tm e perguntou o que eu procurava. Ao ouvir o nome do hostel chamou-me de imediato, despedi-me do casal que amavelmente me tentava ajudar e segui o senhor. Percebi rapidamente que estava muito perto do hostel, aliás, já tinha passado por ele, mas não tinha reparado na placa com o nome SANTIAGO GUESTHOUSE HIROSHIMA.
Fiz o chek in, paguei e saí logo para a rua. Percebi rapidamente que estava muito bem situado, e, a menina da recepção do hostel deu-me uma dica que evitou ir dar uma volta maior para chegar ao Dome. O Dome é o edifício destruído pela bomba que se mantém tal como ficou após a explosão para memória futura. É muito emocionante estar ali